O povo está no poder: dita.
É mercado, é opinião sem face. É a miséria da popularidade.
São padres cantantes, moças na dança. Leve a música e o gesto leve,
crença, bunda e sabonete.
As pesquisas ditam. Mandam: o povo está sempre certo. O povo é,
o povo quer, o povo demanda, o povo reclama.
Mandam: seja apenas a mesma merda que o povo ama.
Mandam: seja aeromoça na vida. Sorria sempre: bailarina medíocre.
Faça-se média. Desconsidere-se.
Não pense, nunca faça pensar,
não seja irônico, diga só o que querem: ouvir-se no espelho da mesmice.
Deixe-se xingar, entregue-se, venda-se de corpo e alma. E, acima de tudo, calma:
nunca reclame (des)contente(-se) e cale-se.
Crie-se como imagem, (vazio marcante) marque-se, migalhe-se, seja só o velho,
espalhe-se farelo.
Anule-se: anúncio refrescante, seja refrigerante anta ante.
Ensinam assim: como quem hoje canta. Bajule, puxe, seja banal.
Pule, grite, apague-se nas luzes. Transforme todo som
poema problema em apelo sexual.
Apele: salve sua pele.
Medalhões, pomadas.
(Machado vendo antes)
Palhaços, patetas, enganadores,
falsos magos, pseudopoetas,
professores:
Uni-vos no segredo do bonzo.
O povo julga, joga
pedras, o povo
é sábio, sabe:
quem planta pérolas
colhe tempestade.
Um comentário:
ADOREI
vlw elis!
=**
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